segunda-feira, 28 de novembro de 2016




PEDESTAIS


-Vais fazer um posto no blog, já sei... - disse-me meia a sorrir.
Pois! Já sabem como é e pelos vistos, lêem-me mais do que eu imagino...
E foi assim, num pedaço pequeno de tarde de sábado que lá fomos, vê-los a todos àquele Lar, numa etapa final de vida. Os olhares perdidos, a demência expressa, a limitação física, a extrema velhice de alguns, o abandono, a solidão no meio de tanta gente, mas também o contentamento de (quase) todos, por nos verem, por poderem sorrir para a nossa juventude, por nos ouvirem cantar, por cantarem connosco, por se sentirem queridos por um pedacinho. A mão que agarrava a nossa com vigor, a palavra que não se entendia mas que saía para nós, direta como uma flecha num comunicar que se queria fazer, mesmo sem se entender, o sorriso sincero que nos dirigiam.  E foi tão fácil e foi tudo tão simples. Sem preparações, ensaios de maior ou grandes antecipações. Só fomos e estivemos. De coração, acho...
Para mim, (e julgo que para nós todos... ) foi também a descida dos nossos pedestais de juventude e vivacidade, tão cheios de nós próprios, tão insuflados de certezas, tão sem tempo e com pressa e o confronto com uma realidade que nos rodeia: a da velhice e do abandono. 
O poder dar um pouquinho de mim, do meu tempo, do meu sorriso, da minha festinha na cara ou na mão, o poder inspirar humildade e gratidão que me eram devolvidas a cada instante, o ver que afinal é fácil agradar, se quisermos e pudermos. E podemos tantas vezes...
E estes exercícios de humildade têm que nos tornar melhores, a sério, fogo...
E aqui deixo a foto possível.



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