terça-feira, 16 de fevereiro de 2016





DIFERENÇAS QUE UNEM


Ouvia-a falar e gosto sempre da forma como fala. É muito serena e tem um tom de voz doce, mas ao mesmo tempo incute tudo menos pastelice e lamechice. Não, é firme e muito segura. Acho que é por isso que prende quem a ouve. Gostava de ter o seu ar sereno e de impelir para fora essa doçura firme.
Falava ela e lembrei-me das diferenças que os uniam como casal. Uniam? Sim, diferenças que uniam. Sentia os meus Pais como um casal muito diferente, com feitios antagónicos, mas com uma solidez na relação que partilhavam, que passava, pelos poros, para mim e para os meus irmãos. Lembrei-me especificamente de um post antigo em que os comparava a outro casal amigo, tão diferente. (há verdades que nunca terão prazo de validade, para nós...), ou de outro post onde falo da célula de amor que acho que foi a relação dos meus Pais.
Os meus Pais foram sempre para mim, exemplo de solidez, isto sem lamechices ou vidas de contos de fadas.
A cumplicidade reinava, apesar de alguns interesses serem diferentes. Disse, 
(na altura tive que partilhar), que achava que essa solidez passou para mim, que me formou como pessoa, ajudando-me a construir, sem saber, uma ideia de casal, de casamento, de relação entre duas pessoas que se amam. E essa mensagem que passaram para mim, pelos poros, sem se aperceberem, tornou-me segura, acho eu.
Isto transportou-me para as crianças, os filhos, a educação em geral, que é aquilo que mais me alicia e desafia, como mãe e Educadora que sou. 
É absolutamente essencial para o desenvolvimento da personalidade que os filhos cresçam vendo a relação dos Pais, percebendo-a e recebendo-a pelos poros, por aquela linguagem que passa pelos silêncios, atitudes e reações. É essencial que pressintam cumplicidade, mesmo nas diferenças, uma cumplicidade por aquilo que para o outro do casal é ABSOLUTAMENTE ESTRUTURANTE. É essencial que percebam que as diferenças, muitas vezes, podem aproximar, porque se partilha, se conversa, se consensualiza. E isto sem se deixar de ser diferente e sem ninguém se anular.
E isto, é feito diariamente, dia após dia, mês após mês, até se continuar a achar que vale a pena. 
O que passará pelos poros ajudará a estruturar e a construir um ideal de uma relação, que poderão, depois querer para si... E mesmo que não queiram, a mensagem que passará, à boleia da relação, é a do respeito pelo outro, da cumplicidade, do estar lá sempre que é preciso, da segurança e também do afeto, aquele baluarte tão forte e tão seguro com um farol. E isto depois, darão às suas relações, acho...
Pois é, aos meus Pais, devo entre tantas milhentas outras coisas, isso mesmo!
E hoje, por aqui, quis dizer isso...


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