sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014












NÓ DE ESCOTA
Nó muito útil, serve para unir cabos de bitolas diferentes (...) 
in, WIKIPÉDIA




NÓ DE ESCOTA

Sentei-me para meia-hora terapêutica no café, com café, jornal, revista e algum sossego. -Que bom esta pausa- pensei, antes da outra parte do dia.
Poucos minutos depois, chegaram e sentaram-se na mesa ao lado da minha, embora a esplanada estivesse vazia e começaram... Não discutiam um com o outro, discutiam os dois sobre a conjuntura europeia e sobre esta crise que assola (quase) toda a Europa. Só as nossas duas mesas estavam ocupadas a esta hora morta do meio da tarde e eu, mesmo com a televisão em fundo sonoro e o jornal à frente, não pude deixar de ouvir. De facto, é impressionante às vezes, o pouco recato/pudor que muita gente tem quando se senta, ou quando está num espaço público. Ouve-se absolutamente tudo, se não há cuidado e hoje, eu ouvia tudo, como se estivessem sentados ali comigo na mesma mesa, a falar comigo. Olhei-os de soslaio... giros, simpáticos, com ar moderno... perfeitos miúdos de liceu, ou universitários muito recentes. Deviam ser namorados, pois tratavam-se por amor. Os assuntos, em especial este recente da Ucrânia, galvanizavam-lhes o discurso e o tom. Eram defensores de facções opostas e isso ainda tornava mais aguerrido o modo e a voz! - Tão novinhos, pensei... tão giros, tão próximos um do outro, tão densos! 
Foi o meu click de hoje!

Lembrei-me da minha mais velha e das coisas que conta (às vezes!!!) das colegas e das opiniões/conselhos que lhe pedem, da forma como os dá e o que diz, tão mulher já, esta minha filha grande! Imaginei-a facilmente num episódio destes, de esplanada de café, opinando assim sobre assuntos, com esta garra e eloquência, produzindo em alguém que a ouvisse, talvez um efeito parecido com este que eu estava a sentir.
Lembrei-me depois de mim com a idade que julgo ser a deles que ouvia ali ao lado. Lembrei-me de mim com o meu namorado de tantos anos, tão novinhos os dois, a crescer juntos, eloquentes e aguerridos como éramos em situações destas, de confrontos de ideias, de opiniões diferentes, opostas mesmo, tão opostas como as pontas de uma corda, que se unem quando é preciso para fazer nós para a vida
Pois é, é mesmo como um amigo querido dizia no outro dia: ser leal não significa estar sempre de acordo... e não é que isso é mesmo assim? 

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