terça-feira, 11 de fevereiro de 2014




DE SUPETÃO...


Não sou dotada de super poderes, nem tenho olhos diferentes dos outros, mas agarro-me à intuição, como se fosse um medidor de alto calibre, infalível na maior parte das vezes e indicador de procedimentos a ter. Tenho reger-me por ela e tento que não me falhe procedimentos, mesmo quando não tenho a certeza do caminho. Acho que o saldo é muito positivo.
E tem sido esta intuição, companheira discreta de viagem, que me tem levado a fazer-lhe só um sorriso mais especial, uma festinha discreta no braço, quase assim, de passagem, enquanto nos cruzamos nos mesmos espaços, um piscar de olhos cúmplice e discreto. Não lhe tenho falado no assunto, não só porque esta companheira de viagem chamada intuição me apela a que não o faça, mas também porque não tenho uma relação muito próxima com ela, é apenas uma colega da mesma escola, com quem estou socialmente algumas vezes. E acho também que o decoro e o respeito pelo sofrimento que não conhecemos e que não é nosso nos manda muitas vezes refrear curiosidade e outras coisas...
Hoje, por acaso àquela hora no mesmo espaço que ela, intui que precisava de falar, queria que a ouvissem, mesmo que a voz lhe tenha saído assim como um sopro arrastado, embalado por uns olhos tristes. Falou do problema de saúde do filho, súbito e aterrador, dos pormenores das operações que fez, da forma como tem lidado com isso e admirei-lhe a coragem de estar ali, de ter voltado ao trabalho, questionei interiormente se os seus alunos continuariam a ter, nestes limbos em que às vezes vivemos, a capacidade de a distrair, de a anestesiar, como às vezes digo que eles fazem, ouvi, ouvi, ouvi sem questionar e senti-me muito pequenina por me queixar às vezes de tantos nadas, por não imaginar o que é viver assim uma situação destas tão medonha e repentina, por ter tanta sorte, lembrei-me da minha mais velha e da do meio e do mais novo e aí parei o meu pensamento, sentindo-me só mãe, com um amor inteiro por eles e por não saber o que faria só de imaginar que lhes pudesse acontecer alguma coisa.
Mais uma vez intui que não seria preciso dizer-lhe nada, pois bastou que ali estivesse e outra vez decidi fazer deste meu espaço chamado blog um mural de homenagem, neste caso a ela e desejar-lhe toda a sorte do mundo e todas as coisas boas e melhores ainda que boas para o seu amor inteiro chamado filho.
E assim hoje, num dia feio de chuva, de uma quase desconhecida, recebi ao colo de supetão, esta lição tão grande de vida e com isto me calei para o resto do dia!! Afinal, temos mesmo super poderes...

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