quarta-feira, 15 de janeiro de 2014




ÀS VEZES SOMOS PEQUENINOS...

Assim como as ondas do mar são guiadas pelo vento, seja guiado por Deus. Não há caminho melhor.


Imaginá-los serem levados assim, por uma onda, de forma repentina, assustadora, irreversível, imaginá-los todos pouco mais velhos que a minha filha mais velha, jovens, saudáveis, cheios de vida, com um futuro pela frente, imaginar um mar assim, impiedoso, cruel, revoltado... foi uma notícia que se agigantou dentro de mim e me incomodou muito, durante algum tempo. Aqueles 7 jovens da praia do Meco "andaram" no meu pensamento e atrás deles, andaram também seus Pais e famílias

Passámos a passagem de ano numa ilha, como falei aqui (http://agridoceedoce.blogspot.pt/2014/01/ilha-do-farol-existe-desde-1851-e.html) e aquela notícia gigante ainda ecoava cá dentro, mesmo como a voz de um gigante mau de uma história infantil. Falei-lhes no respeito pelo mar, nos humores da Natureza que não controlamos, mesmo quando pensamos que sim, porque somos auto-confiantes e muito seguros de nós, falei-lhes no eco que essa notícia ainda tinha em mim por dias e dias desde que se ouviu, falei-lhes no respeito que têm que ter pelos meus receios, clamores e angústias, mesmo que lhes pareçam patetas e fora de contexto, porque as mães são assim, feitas de metades que não só só razão e por isso, têm que me OBEDECER, sempre, nestas pequenas coisas chamadas regras e indicações e os ecos da notícia foram serenando e ficando mais longe, mais longe, mais longe, embalados pelo tempo que passa e faz as feridas ficarem (quase) curadas.
Hoje, ao ver um post do jornal PÚBLICO (http://www.publico.pt/n1619665) acerca desta notícia, em que se relatava a dor de um casal, Pais de uma das jovens, a ferida reabriu-se de novo e fiquei soterrada com o tamanho desta dor tão grande! l
Não há nada que sinta que  possa dizer acerca disto, porque não há nada que se possa dizer que seja do tamanho desta dor. Também sou mãe e os meus exercícios de abstração não chegam a um grau destes, que me levem imaginar um cenário negro assim. Gostei de senti-los (o pai e a mãe) juntos, imaginar que isso pode, milimetricamente, atenuar o sofrimento, gostei do relato que fazem das pessoas anónimas que lhes valeram e que depois também lhes velaram a dor, gostei da sensação de solidariedade para os OUTROS ANÓNIMOS que se consegue quando se vê a cor do medo e do desespero nos olhos e na expressão, gostei que o jornal PÚBLICO torne público este relato assim, do que vem depois e do tributo/testemunho que se quer dar das respostas, das perguntas e das perguntas que não têm resposta, gostei do interpelo que isso pode causar e gostei de pensar que o que sinto é um bocadinho parecido ao que outros sentem e partilham (como aqui www.socorro sou mãe@blogspot.pt ).
Se este meu doce e agridoce conseguir ir um bocadinho pela blogosfera afora e servir de homenagem, peço-lhe que desta vez seja gigante, como aqueles das histórias infantis, que têm uma voz grave, grossa e de trovão e que sirva um bocadinho de tributo a estes joverns e a estes pais e estas mães! É que eu, cá por mim, perto disto, ainda estou pequenina como um baguinho de milho...

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