quarta-feira, 8 de maio de 2013



EU QUERO SER...

"Eu não quero ser nada... não sei... é o quê?... a minha mãe diz que não há trabalho!!!!"

                                                                                                               L. 5 ANOS     

Hoje perguntei aos meninos e meninas de todas as cores que tenho na minha sala, à minha frente todos os dias, o que queriam ser quando fossem grandes!
Houve uma série de circunstâncias que deram o mote para esta atividade, independentemente de ser, em contexto de Jardim-de-Infância, uma atividade recorrente.
É um "clássico" aparecerem respostas das meninas, de "bailarinas" e dos meninos de "bombeiros", ou "polícias" e, graças a Deus, esse imaginário mágico, ajudado pela ingenuidade e idade das crianças, manteve-se também na minha sala, nesse dia, nessa atividade. Nem tudo está perdido, pensei!!! Três, ou quatro bailarinas, médicos (as), futebolistas, construtores, trabalhadores de máquinas, esteticistas, cuidadora de animais, nenhum professor (a), uma mãe e um paleontólogo (!!!), apareceram nas rápidas respostas que me íam dando.
Não sei explicar porquê, mas esta atividade fez-me pensar em como tudo está diferente do que era há uns anos e de como isso nos obriga (ME OBRIGA) a mudar paradigmas e estratégias para as coisas! A maior parte daqueles meninos e meninas coloridos que estavam à minha frente a ouvir-me e a responder-me, fizeram-no levados (a maioria) pelo "mergulho" que fizeram no tema, pela envolvência que foram sentindo à sua volta e pelas características mágicas da idade que têm, que os leva (AINDA) A SONHAR, A QUERER SER, A IMAGINAR... Sim, porque a maior parte daqueles meninos e meninas têm um pai e uma mãe que não trabalha há muito tempo o que não lhes deixa construir na sua cabecinha a ideia do que é uma profissão!
Cada vez é mais comum sentirem o pai e a mãe preocupados porque não têm trabalho, ou a ter trabalhos/ocupações ocasionais, ou a terem que ter outros trabalhos para além do principal; ou a perderem o trabalho que tinham; cada vez é mais comum os meninos e meninas ouvirem os adultos terem do trabalho e das profissões uma ideia amarga, cheia de incertezas, tristezas, falsas certezas e outras "ezas" que tais...
Não há muito a fazer... a idade deles e delas dar-nos-á sempre bocadinhos de magia e de motivação aos quais nos podemos sempre agarrar para colorir estes momentos, para lhes transmitir informação, para lhes mostrar coisas novas e diferentes e para lhes mostrar que ainda há exemplos de gente feliz e realizada com o seu trabalho, com a sua profissão, mesmo que já vão sendo poucos e mesmo que esses poucos tenham que lutar muito contra tanta coisa feia e desmotivante que gira à sua volta! Mas é assim, isso existe mesmo...


2 comentários:

  1. Pois é triste, principalmente quando as crianças já têm incutido que o futuro não é nada risonho ou que mais vale não se chatear porque não vale a pena. Eu "ainda sou do tempo" em que os meus pais me diziam para estudar para "ser alguém na vida" e "ter as portas abertas" (como diz o meu pai). Sendo eu filha de um casal de emigrantes, sempre cresci com o valor do trabalho incutido na minha vida. São esses valores que quero transmitir ao Martim. Com ou sem trabalho.
    beijinhos grandes (amanhã estamos de feriado, olha que bom).

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  2. Realmente é muito bom imaginar/sonhar o que é que se quer ser..quando for grande...era esta a pergunta clássica entre o convívio normal de famílias, grupos e escolas.
    Tu, sempre disseste que querias ser educadora de infância e bem descontente ficavas com alguns adultos - professores ainda por cima - que porque desvalorizavam essa profissão achavam que não seria a melhor coisa para ti. Mas ainda bem que não te deixaste influenciar, negativamente, para bem das crianças que te têm...!
    Beijinhos

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