quinta-feira, 22 de novembro de 2012

 
 
 
BROTHERHOOD
 
Imagino o nosso cérebro com uma série de ligações diretas, "fiozinhos" aos quais chamamos neurónios que se conectam e fazem interligar as coisas, umas às outras, em frações de segundos. Só isso explica o que nos acontece às vezes que é o estarmos a pensar numa coisa e imediatamente o pensamento "voar" para outra, e outra, e outra... Isso acontece-me muitas vezes nas viagens de carro (como falei num post anterior), onde estou meia anestesiada pela embalagem da velocidade, música, rotina, itinerário, pensamentos e lembro-me disto e logo a seguir daquilo, e daquilo e daquilo...
Hoje tive oportunidade de ter uma conversa com alguém acerca da relação entre irmãos. Gosto muito de conversar, é mesmo uma das minhas coisas prediletas para fazer... ter uma boa conversa, com alguém que nos é querido, com quem temos sintonia de assuntos e interesses, ou mesmo com quem não tem, mas onde se assume a eloquência das ideias, sem arrogâncias ou preconceitos em relação à nossa opinião (e à do outro também...). Considero isso um tempo muito bem gasto e foi o que me aconteceu hoje, neste pedacinho de conversa boa... Ao falar sobre a relação de irmãos, lembrei-me dos meus irmãos e da relação que sempre tivemos!. Acho que pudemos mesmo (e ainda podemos!) praticar ao vivo todas aquelas coisas importantes que dizem os livros e que depois se aplicam mesmo na prática: um "palco" de afetos e conflitos saudáveis que nos fazem crescer!
As minhas recordações mais longínquas da infância, aquela primeira infância da qual já não sabemos se nos lembramos por nós, ou por aquilo que nos foram contando, como se a memória fosse um retalho bem cosido de tudo, são com o meu irmão mais velho, de quem tinha só 22 meses de diferença e que cresceu, por isso, comigo. Infelizmente, sofro agora da irreversibilidade da saudade e da sua ausência permanente, mas ser-lhe-ei eternamente grata por me ter ensinado a ser irmã, por ter brincado comigo, por me fazer hoje, com 40 anos, recordar tantas e tantas e tantas coisas da nossa "velha infância" e sorrir. Transmito a cada um dos meus filhos, sempre, a presença do tio Nuno e tenho a certeza que teria sido (se é que não é, pela lembrança, pelo indelével que passa ao colo da ternura...) um ótimo tio. O Nuno será sempre um irmão que continua a não caber em qualquer post, de qualquer blog, será sempre uma presença tão forte e tão vital na minha vida que o sinto como vivo! 
O meu irmão mais novo, tem de mim 8 anos de diferença, é fisicamente muito parecido comigo e sinto que a nossa sintonia floresceu, naturalmente, com a idade adulta, já que ele era para mim um "bibelot" que eu levava para todo o lado (os meus pais faziam-nos, a mim e ao Nuno, enquadrar o miúdo nos nossos programas!) e a quem tinha que esconder algumas rebeldias da adolescência, senão o "puto" ia contar tudo à mãe e ao pai! Tinha para com ele algum ascendente maternal, ia levá-lo à escola, preparava-lhe o lanche, era a "mascote", quase... é engraçado como alguns amigos do tempo da adolescência se lembram dele, muito loirinho, muito redondinho... A vida empurrou-nos naturalmente para a idade adulta, onde, já "pares", nos mantemos unidos, sempre, sempre!
A relação que sempre tive (e tenho) com os meus dois irmãos, marcou aquilo que sou hoje e tenho a certeza que esteve, talvez insconscientemente, na base do meu desejo (felizmente partilhado pelo meu marido) de ter mais do que um filho. A relação que tive com os meus irmãos proporcionou-me o maior cenário de afetos do mundo, naturais, espontâneos e, sobretudo, verdadeiros. Dizia hoje na "tal" conversa boa, que ser irmão, dá legitimidade para falarmos, para dizermos o que nos vai na alma, para tentarmoss sempre "chegar ao outro", simplesmente porque gostamos dele e esse, será sempre o maior ascendente do mundo! Sei que às vezes não é assim e tenho muitos amigos que são distantes dos irmãos, por vicissitudes da vida, por comodismo, seja pelo que for. Às vezes, a vida corre e nem paramos para pensar, para nos questionarmos... é assim e pronto, mas também sei que aos meus filhos quis dar a maior herança de todas: terem-se uns aos outros!


1 comentário:

  1. Não sabia que tinhas sofrido uma perda dessas. Mas é bom que fales na relação que tiveste com esse teu irmão, de forma tão positiva e saudosa.
    Tb tenho 2 irmãs e gostava muito de ter a mesma relação com as duas. Com uma delas, a relação é excelente, com a outra (mais próxima do que na idade), a "vida" afasta-a, as escolhas dela tb. Mas damo-nos bem na mesma.
    Também gostava de deixar esse legado ao Martim. Ter um irmão é uma dádiva. Mas é preciso serem 2 a querê-lo, não é?
    Beijinhos grandes e obrigada por esse post tão feliz e que nos leva a refletir.

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